sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A CONTRICUIÇÃO FAMILIAR NA APRENDIZAGEM

O desenvolvimento do ser humano ocorre simultaneamente nos níveis emocional, físico, de pensamento e de linguagem e, para que ele aconteça, participam fatores da própria criança, como a maturidade neurológica, por exemplo, e fatores ambientais, presentes nas relações estabelecidas com o espaço físico e com as pessoas com as quais a criança convive.
A família tem papel fundamental nesse desenvolvimento, fornecendo os primeiros relacionamentos da vida do bebê, onde ocorrem as primeiras trocas de sensações, emoções e linguagem, desde os primeiros momentos de vida.
A mãe ou a pessoa que assume os cuidados com o bebê acaba entrando em uma “sintonia fina” de comunicação que lhe permite um grau de compreensão da linguagem da criança, a ponto de perceber, através das diferentes inflexões do choro, se o bebê está com fome, ou sono, por exemplo.
Nessa relação, a criança, por sua vez, também vai interpretando a comunicação da mãe, comparando-a com a sua própria e evoluindo lingüisticamente até que emita as primeiras palavras com significado. É importante perceber que o pai, a partir de um determinado momento passa também a fazer parte desse relacionamento, que inicialmente é feito mais com a figura materna, e que sua participação é primordial no processo.
A linguagem é uma das aprendizagens infantis, entendendo-se o conceito de aprendizagem como um processo de contínua adaptação ao meio. Esse processo é construído pela criança durante o seu desenvolvimento, no início da vida, basicamente relacionado ao ambiente familiar.
O bebê, inicialmente possui reflexos que lhe garantem a sobrevivência, como, por exemplo o reflexo de sucção que possibilita sua alimentação. Depois, ele inicia a aprendizagem, passando de reflexos para comportamentos aprendidos, como, por exemplo sugar objetos pelo prazer da sensação que produzem. A evolução acontece a partir dos reflexos, que transformam-se em comportamentos aprendidos que, posteriormente, chegam ao nível da representação mental, ou seja, da capacidade de pensar sobre as pessoas, objetos e situações na ausência física deles. A representação mental inicia-se mais tarde, aproximadamente aos dois anos de idade.
Durante os seus primeiros anos, a criança aprende habilidades que serão importantes por toda a vida, tais como andar, comunicar-se através da fala, controlar esfíncteres (não necessitar mais de fraldas) e comer utilizando as próprias mãos, dentre outras. Nas situações em que ocorrem essas aprendizagens, nas quais a criança encontra-se geralmente no ambiente familiar, são desenvolvidas também formas de aprender que influenciarão a aprendizagem futura, influenciando-a até a vida adulta. Quando esse processo ocorre de forma adequada, a aprendizagem acontece de forma equilibrada, contudo, há situações familiares que não favorecem esse desenvolvimento.
Em uma família onde, por exemplo, não são dados à criança o amor, a atenção, o tempo e as condições necessárias para que ela brinque, explore os objetos e situações, experimente sensações e aprenda com elas, pode ocorrer o desenvolvimento de um tipo de aprendizagem superficial, que pode levar a dificuldades de aprendizagem escolar ou alterações de linguagem. Como vocês podem perceber, os membros da família, em especial as figuras materna e paterna, são muito importantes e o ideal é que sempre se tenha em mente a promoção do contato com a criança, levando em conta as mudanças atuais na sociedade e as exigências econômicas , que fazem com que cada vez menos se tenha tempo para o contato familiar.
É preciso também ter conhecimento das mudanças que a família tem sofrido e trabalhar com elas. Atualmente as mulheres têm ocupado cada vez mais espaço no mercado de trabalho, o que muitas vezes as afasta da casa e do contato diário com os filhos. Os pais, por outro lado, têm participado mais, o que é importante, pois, além de dividirem com a mãe o cuidado com os filhos, fornecem a eles referências especificamente masculinas que são importantes para o seu desenvolvimento.
Em casos de dificuldades de aprendizagem, é sempre importante procurar ajuda profissional, para que se possa, além de trabalhar com a criança no sentido de favorecer sua aprendizagem, compreender também os aspectos familiares envolvidos e orientar os pais para que possam estimular o desenvolvimento do filho de forma adequada.
É importante saber que, ainda que os pais disponham de pouco tempo para estar com os filhos no dia-a-dia, vale mais um contato de dez minutos diariamente com qualidade do que passar um dia inteiro com a criança ao final de um mês como forma de recuperar o tempo perdido. Os relacionamentos entre pais e filhos devem ser verdadeiros e ocorrer de forma prazerosa para todos, pois não basta estar em um mesmo espaço físico, é necessário que haja uma interação, na qual exista comunicação de sentimentos e idéias para que se possa estimular a aprendizagem.
É preciso também que a família respeite a criança, no seu estágio de desenvolvimento, em relação a seus sentimentos, sem, contudo, deixar de transmitir valores ou de colocar a ela os limites necessários, o que é fundamental para que ela aprenda não só conteúdos escolares, mas que possa conviver em sociedade, adaptando-se com sucesso, realizando transformações e, principalmente, sendo mais feliz.
Conclui-se através dos estudos que a “Psicolinguística”, é uma ciência, com objeto e métodos próprios, estuda a relação entre mensagem, falante, ouvinte e contexto.
Que saber, aprender e adquirir conhecimentos são realidades que só se dão na linguagem e graças à ela, a criança conhece o mundo e constrói. A escola por ser um lugar que permite viver e criar situações de enriquecimento lingüístico, também oferece oportunidades de utilizar a linguagem para experimentar o direito de expressar-se e comunicar-se com liberdade e responsabilidade.
E que é no âmbito escolar que a criança expandem progressivamente suas funções lingüísticas quando ocorre essa interação escola/aluno e usam a linguagem para colaborar, competir, informar, adquirir, descobrir etc. Durante esses processos, os diferentes componentes da linguagem-função, forma e significado, vão sendo adquiridos de forma natural e espontânea. À medida que as crianças vão precisando expressar significados novos e mais complexos, vão adquirindo formas de linguagem novas e mais complexas, diversificando segundo seus propósitos, ocorrendo a comunicação.
Percebe-se que a família também é essencial para o desenvolvimento da criança, independente de sua formação. É no meio familiar que ela tem seus primeiros contatos com o mundo externo, com a linguagem, com a aprendizagem e aprende os primeiros valores e hábitos. Tal convivência é fundamental para que a criança tenha um maior domínio lingüístico.

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