sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

PSICOLINGUÍSTICA

A comunicação não ocorre somente através de palavras escritas ou faladas. Ela acontece mediante toda e qualquer convenção pré-definida pelas partes que se comunicam. Assim, um símbolo, um sinal, um conjunto de cores ou mesmo gestos são formas de comunicação. O surgimento do pensamento verbal e da linguagem como sistemas de signos é um momento importantíssimo no desenvolvimento da espécie humana.
Sabemos que o processo de aquisição da linguagem passa por vários níveis. Desse modo, verificamos que na criança pequena existe uma fase pré-verbal no desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-intelectual no desenvolvimento da linguagem. Antes mesmo de dominar a linguagem, a criança demonstra capacidade de resolver problemas práticos, de utilizar instrumentos e meios indiretos para conseguir seus objetivos. O choro, o riso, o balbucio têm clara função de alívio emocional, mas também servem como meio de contato social, comunicação difusa com outras pessoas.
Quando os processos de desenvolvimento do pensamento e da linguagem se unem, surge então o pensamento verbal e a linguagem racional. O ser humano passa a ter a possibilidade de funcionamento psicológico mais sofisticado, mediado pelo sistema simbólico da linguagem.

FASE DA LINGUAGEM
O desenvolvimento da linguagem depende da cultura em que o indivíduo está inserido, desde a gestação, ocorre as primeiras experiências de comunicação, pois é comprovado que os bebês tem competências auditivas ligadas a ritmicidade.
A primeira comunicação que o bebê produz é Pré-Verbal, através do choro o bebê se comunica com o mundo e partir do primeiro mês ela começa a perceber a diferença entre instintivo e involuntário e partir disto vai ficando mais enérgico a medida que se vão intensificando as necessidades do bebê. A mãe nos primeiros meses já consegue diferenciar os três tipos de choro: fome, dor, prazer. O bebê nessa fase ele ainda não consegue separar como se dão essas frustrações e é a partir disto que ela começa a diferenciar, a mãe aos poucos vai internalizando e diferenciando os diferentes tipos de choro, ou quando a criança está muito estimulada ela pode chorar (choro de prazer), a fala funciona como uma descarga emocional e o choro é o mesmo.
A Lalação (chilreio, balbucio), ao brincar com o corpo, a criança movimenta os órgãos da fala, produzidos sons diferenciados e aos poucos ela vai repetindo as palavras monossílabas que os adultos atribuem significados, por exemplo: mama – mamãe ou deira – mamadeira, e por volta dos 12 aos 20 meses, surgem as primeiras palavras com valor de mensagem completa.
A linguagem por gestos, desenvolve junto com a linguagem verbal, no qual tem por objetivo acompanhar, apoiar e tornar mais compreensível as insuficiências do discurso verbal da criança, essa fase da linguagem tem bastante a ver com a cultura onde a criança está inserida, a forma como aprende-se comunicar.
A Influência do meio familiar tem forte influência no desenvolvimento da linguagem, e a entrada precoce de crianças em escola favorece um estímulo maior na fala.
A partir dos anos em diante, seu vocabulário e repertório de palavras aumentam (monossílabas, trissílabas, e assim vai aprimorando), vale lembrar que não é só importante verificar seu vocabulário, mas também sua maturidade neurológica.
Os fatores que influenciam na linguagem são: biológicos, psicológicos e sociais.
É esperado que dos zero aos três meses, o desenvolvimento da linguagem da criança seja: vocalizações (repetições vogais e sons guturais) não linguísticas, sorriso reflexo, apresenta movimentos corporais bruscos ou acorda ao ouvir estímulos sonoro, aquieta-se com a voz da mãe e procura fonte sonora com movimentos oculares. Dos três aos seis meses, as vocalizações começam a adquirir algumas características de linguagem, entonação, ritmo e etc. Já dos seis aos nove meses, a criança consegue localizar diretamente a fonte sonora lateralmente e indiretamente para baixo, responde quando é chamada, repete sons para escutá-las...
Aos doze meses, compreende algumas palavras familiares, compreende ordens simples, usa gestos indicativos, agrupa sons e sílabas repetidas a vontade... Dos doze aos dezoito, crescimento quantitativo de compreensão e produção de palavras, identifica objetos familiares através de nomeação, já consegue identificar parte do corpo em si mesma, repete palavras familiares, tenta contar utiliza-se de palavra-frase, etc.
A criança dos dezoito aos vinte e quatro meses, localiza fonte sonora em todas as direções, presta atenção e compreende estórias, identifica parte do corpo no outro, inicia o uso de frases simples, usa gestos representantes, usa o próprio nome. Dois a três anos de idade, iniciam-se sequências de três elementos, aponta gravura de objeto familiar descrito por seu uso, aponta cores primárias quando nomeadas, compreende o “onde?” “como?” pergunta o que?, nomeia ações representadas por figuras, refere-se a si mesma em 3ª pessoa, constitui frases gramatical simples... Espera-se que a criança até aos cinco anos de idade tenha o domínio de todos os fonemas da língua.

CONCEITOS DE SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO NA LINGUÍSTICA

Signo é a base da comunicação, formado pelo significante e significado, ele é a união de um conceito e de uma representação sonora. Significante e significado não se relacionam. Significante é essencialmente e sonoro e Significado é representação mental.
Para Saussure, a linguagem é um sistema de signos, ou seja, o signo é o fato central da linguagem. Signo= Significado + significado.
O significante do signo linguístico é uma "imagem acústica" (cadeia de sons). Consiste no plano da forma, é o conceito, reside no plano do conteúdo. Contudo, indubitavelmente, a teoria do valor é um dos conceitos cardeais do pensamento de Saussure. Sumariamente, esta teoria postula que os signos linguísticos estão em relação entre si no sistema de língua. Entretanto, essa relação é diferencial e negativa, pois um signo só tem o seu valor na medida em que não é um outro signo qualquer: um signo é aquilo que os outros signos não são.
O Signo linguístico foi descrito por Ferdinand Saussure, em seu Curso de Linguística Geral, como uma combinação de um conceito com uma imagem sonora. Uma imagem sonora é algo mental, visto que é possível a uma pessoa falar consigo própria sem mover os lábios. Mas em geral, as imagens sonoras são usadas para produzir uma elocução.
Ao pensarmos na linguagem verbal, tendo a língua como código, os signos linguísticos são, então, os responsáveis pela representação das idéias, sendo esses signos as próprias palavras que, por meio da fala ou da escrita, associamos a determinadas ideias. Pode-se, assim, afirmar que os signos linguísticos apresentam dois componentes: uma parte material (o som ou as letras) - o significante; outra parte abstrata (a ideia) - o significado.
Ou seja, um signo consiste em: um conceito - ou seja, o significado (signifié), uma imagem sonora - ou seja, o significante (signifiant), ou forma fonológica em termos generativos.
Em termos simples, um signo linguístico é toda unidade portadora de sentido.
Para Lacan, a incompletude é algo inerente ao ser humano, os símbolos são mais reais que aquilo que preconizam. O significante precede e determina o significado. O inconsciente é estruturado como uma linguagem.
Lacan nos diz que a significação - o sentido - não é uma dimensão paralela e conexa com os significantes, mas é efeito de significantes. Quando se diz "linguística estrutural", se quer dizer que a linguagem é uma estrutura.
Signo é o que representa algo para alguém. O signo não implica o aparecimento do significado, porque colocar em cena um sentido é função do significante.
Lacan diferencia o signo do significante da seguinte forma: a pegada de um passo diante de Robinson Crusoé tem valor de signo, porque representa para ele alguma coisa com valor de símbolo, podendo lhe dar significantes. Justamente por isto, ele pode chegar à conclusão de que não está só na ilha. A distância entre este signo (pegada) e o que advém como instrumento da negação (não estou só) são os dois extremos da cadeia. É entre estas duas extremidades que o sujeito pode surgir, já que seu aparecimento está sempre ligado a uma pulsação em eclipse:o que comparece numa fala para desaparecer e de novo reaparecer. Símbolo, aqui, deve ser entendido não como significado, mas alguma coisa com valor de signo, isto é, com valor de dons.
Lacan, num primeiro momento, denomina a materialidade do significante de letra. Esta, como estrutura localizada do significante, apresenta duas propriedades, que se inscrevem em duas dimensões: na sincronia, temos um sistema sincrônico de acoplamentos diferenciais (imagem acústica); e, na diacronia, temos a cadeia do significante. A letra como materialidade é a essência do significante enquanto traço, é o suporte material do discurso.
Chomsky critica a lingüística estruturalista por permanecer em nível muito empírico e descritivo.
Chomsky provocou uma verdadeira revolução nos estudos lingüísticos ao apresentar o problema da geração da linguagem por parte do falante. Não se trata do problema de como foi gerada a linguagem entre os seres humanos, mas de que maneira o falante atual chega a adquirir a competência de utilizar a linguagem; como o falante chega a formar sentenças novas e não somente repetir sentenças já ouvidas. Esse problema básico levou Chomsky a refletir sobre gramática, sentenças bem formadas e mal formadas, falante ideal, gramaticalidade, aceitabilidade, restrições, competência gramatical, competência pragmática, estrutura profunda. O conceito que Chomsky tem de gramática é bem diferente do tradicional: gramática é um conjunto de regras internalizadas pelo falante e não um conjunto de prescrições escritas num livro chamado gramática. Entretanto, todo o estudo de Chomsky está centralizado na sentença. Ainda não atinge o que se chama de análise do discurso.

A INFLUENCIA DO MEIO E DA CULTURA NA EDUCAÇÃO

Reconhecendo que a criança é fortemente marcada pelo meio social em que se desenvolve, e que também deixa suas próprias marcas neste meio, que tem a sua família como o seu principal referencial, apesar de todas as relações que ocorrem em todos os níveis sociais, o espaço infantil deve priorizar remeter a história da criança para o seu contexto e através disto promover a troca de saberes entre as crianças.
Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998, vol 1, p. 21-22): “as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressifignificação”. As interações que ocorrem dentro dos espaços são de grande influência no desenvolvimento e aprendizagem da criança. 
De acordo com Oliveira (2000, p.158): O ambiente, com ou sem o conhecimento do educador, envia mensagens e, os que aprendem, respondem a elas. A influência do meio através da interação possibilitada por seus elementos é contínua e penetrante. As crianças e ou os usuários dos espaços são os verdadeiros protagonistas da sua aprendizagem, na vivência ativa com outras pessoas e objetos, que possibilita descobertas pessoais num espaço onde será realizado um trabalho individualmente ou em pequenos grupos.
Os espaços construídos para criança e com a criança devem ser explorados pela mesma, em uma relação de interação total, de aprendizagem, de troca de saberes entre os pares, de liberdade de ir e vir, de prazer, de individualidades, de partilhas, enfim, de se divertir aprendendo. 
Segundo Piaget citado por Kramer (2000, p. 29): “O desenvolvimento resulta de combinações entre aquilo que o organismo traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio [...] e que os esquemas de assimilação vão se modificando progressivamente, considerando os estágios de desenvolvimento”. Todo ser humano carrega desde sua concepção conhecimentos e através da interação com o meio vai desenvolvendo estes conhecimentos. Piaget considera a interação indivíduo / meio apenas sem considerar as interações entre as crianças e suas diferentes culturas. Vygotsky já enfatiza a troca de conhecimentos que ocorrem através das interações entre individuo / meio/ individuo. 
As aprendizagens que ocorrem dentro dos espaços disponíveis e ou acessíveis à criança são fundamentais na construção da autonomia, tendo a mesma como própria construtora de seu conhecimento. O conhecimento se constrói a cada momento em que a criança tem a possibilidade de poder explorar os espaços disponíveis a ela. 
O papel do adulto é promover o desenvolvimento integral de todas as potencialidades da criança. O educador deve ter a sua proposta voltada para o bem estar da criança, buscando sempre melhorar a sua prática elaborando sempre novas alternativas de construir o conhecimento de um grupo como um todo. O desenvolvimento da criança até a fase adulta depende da maturação do sistema nervoso central e dos estímulos que o ambiente oferece.
A criança de zero a três anos de idade precisa de seu próprio espaço de desenvolvimento para desenvolver suas potencialidades e capacidades. No entanto, é na pré-escola ou na âmbito familiar que as crianças terão este espaço e estímulos que instiguem suas potencialidades. A excelência da criança está no atributo que escola, família e a sociedade lhes dão. A responsabilidade em cuidar é de todos, assim esse trabalho se justifica pela necessidade de conhecer a real importância da como base essencial para contribuição no desenvolvimento físico e psicológico das crianças de zero a três anos de idade.

A CONTRICUIÇÃO FAMILIAR NA APRENDIZAGEM

O desenvolvimento do ser humano ocorre simultaneamente nos níveis emocional, físico, de pensamento e de linguagem e, para que ele aconteça, participam fatores da própria criança, como a maturidade neurológica, por exemplo, e fatores ambientais, presentes nas relações estabelecidas com o espaço físico e com as pessoas com as quais a criança convive.
A família tem papel fundamental nesse desenvolvimento, fornecendo os primeiros relacionamentos da vida do bebê, onde ocorrem as primeiras trocas de sensações, emoções e linguagem, desde os primeiros momentos de vida.
A mãe ou a pessoa que assume os cuidados com o bebê acaba entrando em uma “sintonia fina” de comunicação que lhe permite um grau de compreensão da linguagem da criança, a ponto de perceber, através das diferentes inflexões do choro, se o bebê está com fome, ou sono, por exemplo.
Nessa relação, a criança, por sua vez, também vai interpretando a comunicação da mãe, comparando-a com a sua própria e evoluindo lingüisticamente até que emita as primeiras palavras com significado. É importante perceber que o pai, a partir de um determinado momento passa também a fazer parte desse relacionamento, que inicialmente é feito mais com a figura materna, e que sua participação é primordial no processo.
A linguagem é uma das aprendizagens infantis, entendendo-se o conceito de aprendizagem como um processo de contínua adaptação ao meio. Esse processo é construído pela criança durante o seu desenvolvimento, no início da vida, basicamente relacionado ao ambiente familiar.
O bebê, inicialmente possui reflexos que lhe garantem a sobrevivência, como, por exemplo o reflexo de sucção que possibilita sua alimentação. Depois, ele inicia a aprendizagem, passando de reflexos para comportamentos aprendidos, como, por exemplo sugar objetos pelo prazer da sensação que produzem. A evolução acontece a partir dos reflexos, que transformam-se em comportamentos aprendidos que, posteriormente, chegam ao nível da representação mental, ou seja, da capacidade de pensar sobre as pessoas, objetos e situações na ausência física deles. A representação mental inicia-se mais tarde, aproximadamente aos dois anos de idade.
Durante os seus primeiros anos, a criança aprende habilidades que serão importantes por toda a vida, tais como andar, comunicar-se através da fala, controlar esfíncteres (não necessitar mais de fraldas) e comer utilizando as próprias mãos, dentre outras. Nas situações em que ocorrem essas aprendizagens, nas quais a criança encontra-se geralmente no ambiente familiar, são desenvolvidas também formas de aprender que influenciarão a aprendizagem futura, influenciando-a até a vida adulta. Quando esse processo ocorre de forma adequada, a aprendizagem acontece de forma equilibrada, contudo, há situações familiares que não favorecem esse desenvolvimento.
Em uma família onde, por exemplo, não são dados à criança o amor, a atenção, o tempo e as condições necessárias para que ela brinque, explore os objetos e situações, experimente sensações e aprenda com elas, pode ocorrer o desenvolvimento de um tipo de aprendizagem superficial, que pode levar a dificuldades de aprendizagem escolar ou alterações de linguagem. Como vocês podem perceber, os membros da família, em especial as figuras materna e paterna, são muito importantes e o ideal é que sempre se tenha em mente a promoção do contato com a criança, levando em conta as mudanças atuais na sociedade e as exigências econômicas , que fazem com que cada vez menos se tenha tempo para o contato familiar.
É preciso também ter conhecimento das mudanças que a família tem sofrido e trabalhar com elas. Atualmente as mulheres têm ocupado cada vez mais espaço no mercado de trabalho, o que muitas vezes as afasta da casa e do contato diário com os filhos. Os pais, por outro lado, têm participado mais, o que é importante, pois, além de dividirem com a mãe o cuidado com os filhos, fornecem a eles referências especificamente masculinas que são importantes para o seu desenvolvimento.
Em casos de dificuldades de aprendizagem, é sempre importante procurar ajuda profissional, para que se possa, além de trabalhar com a criança no sentido de favorecer sua aprendizagem, compreender também os aspectos familiares envolvidos e orientar os pais para que possam estimular o desenvolvimento do filho de forma adequada.
É importante saber que, ainda que os pais disponham de pouco tempo para estar com os filhos no dia-a-dia, vale mais um contato de dez minutos diariamente com qualidade do que passar um dia inteiro com a criança ao final de um mês como forma de recuperar o tempo perdido. Os relacionamentos entre pais e filhos devem ser verdadeiros e ocorrer de forma prazerosa para todos, pois não basta estar em um mesmo espaço físico, é necessário que haja uma interação, na qual exista comunicação de sentimentos e idéias para que se possa estimular a aprendizagem.
É preciso também que a família respeite a criança, no seu estágio de desenvolvimento, em relação a seus sentimentos, sem, contudo, deixar de transmitir valores ou de colocar a ela os limites necessários, o que é fundamental para que ela aprenda não só conteúdos escolares, mas que possa conviver em sociedade, adaptando-se com sucesso, realizando transformações e, principalmente, sendo mais feliz.
Conclui-se através dos estudos que a “Psicolinguística”, é uma ciência, com objeto e métodos próprios, estuda a relação entre mensagem, falante, ouvinte e contexto.
Que saber, aprender e adquirir conhecimentos são realidades que só se dão na linguagem e graças à ela, a criança conhece o mundo e constrói. A escola por ser um lugar que permite viver e criar situações de enriquecimento lingüístico, também oferece oportunidades de utilizar a linguagem para experimentar o direito de expressar-se e comunicar-se com liberdade e responsabilidade.
E que é no âmbito escolar que a criança expandem progressivamente suas funções lingüísticas quando ocorre essa interação escola/aluno e usam a linguagem para colaborar, competir, informar, adquirir, descobrir etc. Durante esses processos, os diferentes componentes da linguagem-função, forma e significado, vão sendo adquiridos de forma natural e espontânea. À medida que as crianças vão precisando expressar significados novos e mais complexos, vão adquirindo formas de linguagem novas e mais complexas, diversificando segundo seus propósitos, ocorrendo a comunicação.
Percebe-se que a família também é essencial para o desenvolvimento da criança, independente de sua formação. É no meio familiar que ela tem seus primeiros contatos com o mundo externo, com a linguagem, com a aprendizagem e aprende os primeiros valores e hábitos. Tal convivência é fundamental para que a criança tenha um maior domínio lingüístico.

O CONSTRUTIVISMO


O construtivismo não é nada mais do que uma pergunta: O que nós somos capazes de fazer com os nossos conceitos?
Tem seu surgimento na teoria de Jean Piaget explicitado na Psicologia Genética que investiga o desenvolvimento cognitivo da criança desde o nascimento até a adolescência.
As contribuições da teoria tem sido de suma importância á Educação, por tratar das relações do ensino aprendizagem e desenvolvimento apontando as fases ou estágios e a maturidade do sujeito.
Para Piaget, a inteligência evolui da simples motricidade do bebê até o pensamento abstrato do adolescente.
Neste sentido Piaget definiu os estágios do desenvolvimento em:
  • Sensório motor (0 a 3 anos) apresentando-se em forma de reflexos e evoluindo para as repetições de gestos até os esquemas de ação e o surgimento de escolhas/ interesses.
  • Simbólico ou Pré- operatório ( 3 aos 7 anos) caracteriza-se pela função simbólica e pelo aparecimento da intuição das operações.
  • Operações concretas ( 6-9 aos 9, 10 anos) inicia-se quando o pensamento infantil torna-se reversível, marcado principalmente pela operatividade
(possibilidade da criança agir, consistente e logicamente, em função das implicações de sua idade).
  • Operações abstratas ou hipotético dedutivo formal ( aproximadamente 12 anos).caracterizado pela lógica, formação da personalidade e da inserção afetiva e intelectual.
Cada estágio é caracterizado pela aparição de estruturas originais, cuja construção o distingue do estágios anteriores.
De acordo com Piaget, existem quatro fatores relacionados que, juntos ajudam a criança a passar de um estágio para o outro:
  1. Amadurecimento: crescimento físico e fisiológico.
  2. Experiência : Informações sensório-motoras assimiladas a partir de ações e de raciocínio em relação a objetos reais ou concretos.
  3. Interação social : Socializar, brincar, falar, perguntar, e trabalhar, especialmente com outras crianças.
  4. Equilíbrio: Processo de reunir o amadurecimento, a experiência e a interação para construir estruturas ou sistemas mentais para examinar o mundo.
A essência do aprendizado da criança sobre o mundo estão no fato de que, a cada estagio de desenvolvimento, ela se envolve ativamente em uma construção da realidade. Isso não pode ser imposto pelo exterior, mas deve vir do interior da criança. Seu próprio amadurecimento e suas expectativas e interações sociais irão afetar sua visão do mundo real.

A PRATICA PSICOPEDAGOGICA
O grande desafio da prática psicopedagógica é interpretar os fatos, o que está acontecendo e trabalhar com o que se mostra e o que de certa forma esta encoberto.
Deve-se ocupar-se em estudar as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhece-las, trata-las e preveni-las.

TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA.

O termo psicopedagogia apresenta-se como uma característica especial. Á primeira vista o termo sugere tratar-se de uma aplicação da Psicologia á Pedagogia, porém tal definição não reflete o significado que esse termo assume em razão do seu nascimento, o da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem.

Os diversos autores que tratam da Psicopedagogia enfatizam o seu caráter interdisciplinar que consiste em criar um objeto novo que não pertence a ninguém. Reconhecer tal caráter significa admitir a sua especificidade enquanto estudo, uma vez que, buscando conhecimento em outros campos como á Psicologia, Psicanálise, Linguística, Fonoaudióloga , Medicina e Pedagogia cria o seu próprio objeto de estudo.

De acordo com Neves, a “psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos”( 1991, p. 12).

Segundo Scoz, “a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, e numa ação profissional deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os”( 1992,p. 2).

Essa considerações em relação ao objeto de estudo da Psicopedagogia sugerem que há um certo consenso quanto ao fato que ela deve ocupar-se em estudar a aprendizagem humana, porém é uma ilusão pensar que tal consenso nos conduza, a todos, a um único caminho.

Portanto a Psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhece-las, trata-las e preveni-las.

Assim tem-se nesta uma teoria que se une o fazer pedagógico ao psicológicos, levando em conta as realidades internas e externas do sujeito, a fim de organizar a vida escolar da criança, dentro das suas individualidades trabalhando as dificuldades de aprendizagens e oferecendo uma aprendizagem significativa.

Falar de dificuldades de aprendizagem é algo corriqueiro e comum tanto em nossas escolas como nas clínicas de acompanhamento psicopedagógico. O número de qualificações e nomenclaturas para justificar/explicar uma criança que não aprende é crescente e termos como distúrbios, desordens, déficits, entre tantos outros, são facilmente utilizados. Mas é preciso ter clareza da diferença entre dificuldade de aprendizagem, defasagem de conteúdos e imaturidade neurológica.

De acordo com a Definição do Comitê Nacional Americano de Dificuldades de Aprendizagem, a dificuldade de aprendizagem é um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo, supondo-se à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas de auto-regulação, percepção e interação social, mas que não constituem, por si próprias, uma dificuldade de aprendizagem.

Ainda que estas possam ocorrer concomitante com outras condições incapacitantes (por exemplo: deficiência sensorial, retardo mental, transtornos emocionais graves) ou por influências extrínsecas (diferenças culturais, instrução inapropriada ou insuficiente) não são o resultado dessas condições ou influências.

Embora a própria definição do termo dificuldades de aprendizagem seja conceitualmente confusa e variável entre diferentes autores e perspectivas, é sempre bom lembrar que as qualificações usuais caminham sempre para “uma culpabilização da não aprendizagem”, que recai, na grande maioria das vezes, nos próprios alunos.
A necessidade de se considerar o não aprender como um processo, no qual inúmeros fatores estão atuando, deve recair sobre todos os profissionais que acabam sendo envolvidos numa situação de aprendizagem, entre eles: professores, psicopedagogos, fonoaudiólogos, neurologistas etc.
Ramozzi-Chiarottino, que realiza pesquisas nesse enfoque explica:
Depois de vários anos de observação do comportamento da criança em situação natural, chegamos à conclusão de que os distúrbios de aprendizagem são determinados por deficiências no aspecto endógeno do processo da cognição e de que a natureza de tais deficiências depende do meio no qual a criança vive e de suas possibilidades de ação neste meio, ou seja, depende das trocas do organismo com o meio, num período crítico de zero a sete anos (1994, p.83)

Portanto é necessário que haja intervenção conforme as características dos problemas apresentados pelas crianças, respeitando suas individualidades.

Ao se falar em diagnóstico, logo associa-se em análise, porém só podemos analisar algo se pudermos encontrar o que estamos analisando. Por esta razão quando dizemos que estamos fazendo um diagnóstico temos que saber o que estamos diagnosticando, para que estamos diagnosticando e por que diagnosticar.
Isto nos leva apensar que iremos analisar o problema de aprendizagem durante o diagnóstico psicopedagógico. Quando pensamos em problema de aprendizagem imaginamos as várias faces que podem compor este problema: Qual a ordem deste problema? Familiar? Da escola? Do sujeito? Da sociedade? De todos estes fatores associados? Para que se possa compreender qual o tipo de problema existente é necessário que o psicopedagogo esteja atento buscando todas as pistas possíveis.

O olhar e a escuta Psicopedagógica deverá ter como objetivo verificar como o educando está aprendendo e o que está dificultando o desenvolvimento de suas potencialidades. Só assim poderemos intervir de maneira adequada. Portanto durante o atendimento psicopedagógico temos que pensar o educando como alguém capaz que vive em um contexto familiar, escolar e social específico e de que maneira vivencia estes espaços para podermos ajudá-lo.

Um dos procedimento psicopedagógico que é necessário ser aplicado no processo de avaliação psicopedagógica é as provas Piagetianas para o diagnóstico operatório.

A aplicação das provas operatórias tem como objetivo determinar o nível de pensamento do sujeito realizando uma análise quantitativa, e reconhecer a diferenças funcionais realizando um estudo predominantemente qualitativo.
Segundo Weiss:

As provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de aquisição de algumas noções-chave do desenvolvimento cognitivo, detectando o nível de pensamento alcançado pela criança, ou seja, o nível de estrutura cognoscitiva com que opera (2003, p. 106).

Ela ainda nos alerta que não se deve aplicar várias provas de conservação em uma mesma sessão, para se evitar a contaminação da forma de resposta. Observa que o psicopedagogo deverá fazer registros detalhados dos procedimentos da criança, observando e anotando suas falas, atitude, soluções que dá às questões, seus argumentos e juízos, como arruma o material. Isto será fundamental para a interpretação das condutas.
As provas operatórias consistem em:
Provas de conservação: (de pequenos conjuntos discretos de elementos, da quantidade de líquido, da quantidade de matéria);
Provas de classificação: (de intersecção de classes, de quantificação, da inclusão de classes);
Prova de seriação.
Para a avaliação, as respostas são divididas em três níveis:
Nível 1: Não há conservação, o sujeito não atinge o nível operatório nesse domínio;
Nível 2 ou intermediário: As respostas apresentam oscilações, instabilidade ou não são completas. Em um momento conservam, em outro não;
Nível 3: As respostas demonstram aquisição da noção sem vacilação.
Muito interessante o que Weiss nos diz sobre as diferentes condutas em provas distintas:
...pode ocorrer que o paciente não obtenha êxito em apenas uma prova, quando todo o conjunto sugere a sua possibilidade de êxito. Pode-se ver se há um significado particular para a ação dessa prova que sofra uma interferência emocional: encontramos várias vezes crianças, filhos de pais separados e com novos casamentos dos pais, que só não obtinham êxito na prova de intersecção de classes. Podemos ainda citar crianças muito dependentes dos adultos que ficam intimidadas com a contra-argumentação do terapeuta, e passam a concordar com o que ele fala, deixando de lado a operação que já são capazes de fazer.
(2003, p. 111).

Para dar os devidos encaminhamentos, o profissional precisa realizar um estudo aprofundado acerca de todas as informações que o diagnóstico lhe proporcionou.

BILBIOGRAFIA
BOSSA A. Nadia. A Psicopedagogia no Brasil. Porto Alegre: ed. Artes médicas Sul, 1994.

RAMOZZI-CHIAROTTINO, Z. Em busca do sentido da obra de Jean Piaget. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1994.

WEISS, M. L. L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro, DP&A, 2003.

A LINGUAGEM

O surgimento da linguagem na espécie humana é um dos fatores que mais diferencia o homem do animal inferior. Esta diferença é determinada, fundamentalmente, pelo fato de que somente o homem pode se apropriar da experiência acumulada pela espécie humana no decurso da história.
A linguagem simbólica implica num sistema de signos e símbolos, de significantes e significados capazes de designar características, ações, relações e propriedades aos objetos. Assim, no caso da criança nos seus primeiros anos de vida (período sensório-motor), o que se verifica é uma fala sem pensamento e uma comunicação sem linguagem. No homem, é graças a presença da imagem mental que se torna possível , a partir de uma certa fase, a substituição do objeto pelo seu representante num sistema simbólico da linguagem. A partir do momento em que a inteligência se articula com a linguagem, as possibilidades intelectuais passam a crescer em uma progressão geométrica.
Ao utilizar a linguagem, a criança duplica o seu mundo, passando a representar os objetos através das palavras. É através da palavra que o homem se apropria da experiência acumulada dos outros homens, não precisando vivenciar , ele mesmo, todas as situações.
Através da palavra, o homem se torna capaz de analisar os objetos, abstraindo e generalizando as suas características, assim como introduz em um sistema de relações com outros objetos.

A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES A PARTIR DA PRÁTICA

O termo psicopedagogia apresenta-se como uma característica especial. Á primeira vista o termo sugere tratar-se de uma aplicação da Psicologia á Pedagogia, porém tal definição não reflete o significado que esse termo assume em razão do seu nascimento, o da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem.

Os diversos autores que tratam da Psicopedagogia enfatizam o seu caráter interdisciplinar que consiste em criar um objeto novo que não pertence a ninguém. Reconhecer tal caráter significa admitir a sua especificidade enquanto estudo, uma vez que, buscando conhecimento em outros campos como á Psicologia, Psicanálise, Lingüística, Fonoaudiólogia , Medicina e Pedagogia cria o seu próprio objeto de estudo.

Para Maria M. Neves, “falar sobre Psicopedagogia é, necessário falar sobre a articulação entre educação e psicologia, articulação essa que desafia estudiosos e práticos dessas duas áreas”.(1992, p.10)

Para Kiguel, “historicamente a Psicopedagogia surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com distúrbios de aprendizagem, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional”. ( 1991, p. 22). Kiguel aventa outra possibilidade quanto ao surgimento da Psicopedagogia ao mencionar as tentativas de explicação para o fracasso escolar por outras vias que não a Pedagogia e a Psicopedagogia . Afirma que “os fatores etiológicos utilizados para explicar índices alarmantes do fracasso escolar que envolviam quase exclusivamente fatores individuais como disfunção, problemas neurológicos, psicológicos, etc.”.

O OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA

Vejamos a definições do objeto de estudo segundo alguns autores.

Para Kiguel, “o objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturado em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos - bem como a influencia do meio ( família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento. ( 1991, p. 24).

De acordo com Neves, a “psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos”( 1991, p. 12).

Segundo Scoz, “a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, e numa ação profissional deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os”( 1992,p. 2).

Para Golbert:
(...) o objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser entendido a partir do enfoque preventivo que considera o objeto de estudo da psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento, enquanto educável. E o enfoque terapêutico que considera o objeto de estudo psicopedagogia a identificação, analise, elaboração de uma metodologia de diagnostico e tratamento das dificuldades de aprendizagem ( 1085, p. 13).

Para Rubinstein, “num primeiro momento a psicopedagogia esteve voltada para a busca e o desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem aos portadores de dificuldades, tendo como objetivo fazer a reeducação ou a remedição e desta forma
promover desaparecimento dos sintoma”.

Do ponto de vista de Weiss, “a psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores”.( 1991, p. 6).

Essa considerações em relação ao objeto de estudo da Psicopedagogia sugerem ao objeto sugerem que há um certo consenso quanto ao fato que ela deve ocupar-se em estudar a aprendizagem humana, porém é uma ilusão pensar que tal consenso nos conduza, a todos, a um único caminho.

Segundo Jorge Visca, a Psicopedagogia, que inicialmente foi uma ação subsidiária da Medicina e da psicopedagogia, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo- o processo de aprendizagem- e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (1987).

A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda- o problema de aprendizagem, colocando num território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia- e evoluiu devido a existência de recursos, ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-se, assim numa prática.

Portanto a Psicologia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhece-las, trata-las e preveni-las.

No trabalho clínico o objeto de estudo se dá na relação entre um sujeito com sua história pessoal e sua modalidade de aprendizagem buscando compreender a mensagem de outro sujeito, implica no não aprender. Isto significa que, nesta modalidade de trabalho, deve o profissional compreender o que o sujeito aprende, como aprende e por que, além de perceber a dimensão da relação entre psicopedagogia e sujeito de forma a favorecer aprendizagem.

No trabalho preventivo, a instituição enquanto espaço físico e psíquico da aprendizagem, é objeto de estudo da Psicopedagogia é os processo didático-metodológicos e a dinâmica institucional que interferem no processo de aprendizagem.

A definição do objeto de estudo da psicopedagogia passo por fases distintas, atualmente, a psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio.

AS TEORIAS QUE EMBASAM O TRABALHO PSICOPEDAGOGIA

Conhecer os fundamentos da psicopedagogia implica refletir sobre as suas origens. Do seu parentesco com a Pedagogia, a psicopedagogia traz as indefinições e contradições de uma ciência cujos limites são os da própria vida humana. Da Psicologia, a psicopedagogia herda o velho problema paralelismo psicofísico, um dualismo que ora privilegia o físico(observável), ora o psiquismo( a consciência).

O autores brasileiros Neves, Kiguel, Rubinstein, Weiss, barone e outros, assim como os argentinos Fernando Pain, Visca, Muller, são unânimes quanto á necessidade de conhecimentos de diversas áreas que articulados, devem fundamentar a constituição de uma teoria Psicopedagogia, por, exemplo:
  • A Psicanálise encarrega-se do mundo inconsciente, das representações profundas, operantes da dinâmica psíquica que se expressa por sintomas e símbolos, permitindo-nos levar em conta a face desejante do homem;
  • A Psicologia Social encarrega-se da constituição dos sujeitos, que responde as relações familiares, grupais e institucionais, em condições socioculturais e econômicas especificas e que contextuam toda aprendizagem;
  • A Epistemologia e a psicologia genética se encarregam de analisar e descrever o processo construtivo do conhecimento pelo sujeito em interação com os outros e com os objetos;
  • A Lingüística traz a compreensão da linguagem como um dos meios que caracterizam e tipicamente humano e cultural: a língua enquanto código disponível a todos os membros de uma sociedade a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo e historiado de acesso á estrutura simbólica.

Essas áreas fornecem meios para refletir cientificamente e operar no campo psicológico, o nosso campo.

O CAMPO DA ATUACÃO DA PSICOPEDAGOGIA

 O campo de atuação do psicopedagogo refere-se não só ao espaço físico onde se dá esse trabalho, mas espacialmente ao espaço epistemológico que lhe cabe, ou seja, o lugar deste campo de atividade e o modo de abordar o seu objeto de estudo.A forma de abordar o objeto de estudo pode assumir característica especificas, a depender da modalidade: clínica, preventiva e teórica, umas articulando-se ás outras.

Na função preventiva, cabe ao psicopedagogo:
  • Detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem;
  • Participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, a fim de favorecer processo de integração e troca.
  • Promover orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos;
  • Realizar processos de orientação educacional, vocacional, e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo.
Em relação a modalidade teórica está visa: criar um corpo teórico da psicopedagogia, com processos de investigação e diagnostico que lhe seja especifico, atreves de estudos das questões educacionais e da saúde no concerne ao processo de aprendizagem. Esses trabalho consiste numa leitura e releitura do processo de aprendizagem e do processo da não-aprendizagem, bem como da aplicabilidade e conceitos teóricos que lhe deem novos contornos e significados, gerando práticas mais consistentes.

Já na área da saúde, o trabalho é feito em consultórios privados e/ou em instituições de saúde, no sentido de reconhecer e atender as alterações da aprendizagem sistemática e/ou assistemática, de natureza patológica.

Historicamente, a Psicopedagogia nasceu para atender a patologia da aprendizagem, mas ela se tem voltado cada vez mais para uma ação preventiva, acreditando que muitas dificuldades de aprendizagens se dever a inadequada pedagogia institucional e familiar. A proposta da psicopedagogia, numa ação preventiva, é adotar uma postura critica frente ao fracasso escolar, numa concepção mais totalizante visando propor novas alternativas de ação voltadas para a melhoria da prática pedagógica nas escolas.

Segundo Lino de Macedo (1990), o psicopedagogo, no Brasil, ocupa-se das seguintes atividades: Orientação de estudos; Apropriação dos conteúdos escolares; Desenvolvimento do raciocínio; Atendimento de crianças. Ainda de acordo com o autor o atendimento psicopedagógico poderá recorrer a propostas corporais, artísticas etc.

Portanto busca-se no trabalho psicopedagógico que o profissional, leve o sujeito a se reintegrar á vida normal, respeitando as suas possibilidades e interesses, sendo neutro e mantendo a ética de sua profissão, considerando o desenvolvimento infantil a partir de uma perspectiva dinâmica e encarando o distúrbio de aprendizagem como uma manifestação de uma perturbação que envolva a totalidade da personalidade.